Em comemoração ao
Dia Mundial sem Carro- ontem 22 de setembro- o
Movimento Nossa São Paulo realizou um encontro com os candidatos à prefeitura de São Paulo e, naturalmente, o assunto em questão foi o transporte público.
O mesmo movimento encomendou uma pesquisa do Ibope, cujo os resultados também ontem
foram apresentados, avaliando algumas questões que relacionam qualidade de vida com
a locomoção na cidade. O resultado não poderia ser pior para o quesito trânsito: 2,8, numa escala de zero a dez.
Entretanto, este ano o transporte público recebeu uma rejeição de apenas 3%. Comparado a
a 2007, onde 21% afirmaram que não usariam ônibus/metrô/trem, a porcentagem é bastante discrepante.
Sobre este dado, a diretora executiva do instituto, Márcia Cavallari Nunes afirma- em entrevista dada ao
Jornal da Tarde de hoje, 23/09- que a proximidade das eleições pode ter influenciado o resultado e eu, particularmente, acredito que a cobertura midiática massiva sobre o assunto seja um dos fatores determinantes na resposta.
Mas, voltando aos "prefeitáveis", um discurso merece destaque, a meu ver.
O atual gestor municipal, Gilberto Kassab, deu uma declaração que deve ter
feito membros de movimentos como o
MPL (Movimento Passe Livre) levantarem a sombrancelha.
Enquanto todos endossavam que, se eleitos, 2009 seria um ano sem aumento de tarifas, Kassab, além de fazer essa promessa, afirmou que tem como meta chegar "um dia" à tarifa zero.
Obviamente, foi acusado pelos outros candidatos de populista e teve sua fala desmantelada
com o questionamento da viabilidade desta meta (e não compromisso de campanha, fez questão de ressaltar).
Para muitos essa bandeira do passe livre é impossível, e , talvez, olhando essa mudança sob o ponto de vista paulistano do custo, tempo e espaço realmente seja. As distâncias são demais, há também pessoas demais e o tempo de deslocamento de A para B está cada vez maior.
Tudo isso gera custos exorbitantes e forma uma cadeia para o caos. Imagine que
para muitos o não custeamento da passagem seria um embargo a menos para cruzar a cidade e visitar parentes, por exemplo. Uma família, saindo do extremo Zona Leste e pegando três ônibus para chegar ao extremo da zona sul..agora imagine muitas famílias fazendo o mesmo percurso que antes, além da odisséia, tinha o obstáculo " falta dinheiro para..". Mas esse é um discurso muito reacionário, não quero usá-lo como impedimento para o livre acesso
ao transporte ! Simplesmente porque, na minha opinião, essa questões estruturais devem ser contornadas a favor do bem estar comum e pode ter certeza que competência e honestidade na gerência dos recursos públicos sanariam muitos desses problemas que parecem não ter solução.
É claro que se a cidade de São Paulo fosse minimamente planejada facilitaria. Todavia, nosso modelo de urbanização é extremamente porco- não acho palavra melhor!- e o pior é que continua sendo.
A cidade cresce, ainda. E isso se faz da pior forma...é só reparar nos prédios pequenos ao lado dos gigantes de frente para pontes e terrenos que poderiam ser parques virando estacionamentos.E olhe que aqui estou pontuando, apenas, o aspecto arquitetônico.
Imagine se falasse das pessoas e como elas se apropriam do espaço público...seria triste demais.
Aliás, sabia que 70% do espaço urbano são ocupados por veículos?
Mas, novamente, voltando. O passe livre é real em algumas cidades. Cuiabá tem o direito garantido para estudantes da rede pública e particular desde 2001, instituído pela lei 4.141/2001.
O
município de Santana , no Amapá, também. No estado de São Paulo, o exemplo mais próximo é a cidade de Suzano, onde o
projeto de lei foi aprovado em dezembro de 2007.
No entanto, a vigoração do direito prevista para este ano sofreu
embargos, uma vez que foi realizada negociação com empresas privadas e não a descatralização do transporte público, que é a pauta levantada pelo MPL.
"O último que pular a catraca, apague a luz"