terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ensino de história afro-brasileira enfrenta dificuldades

Sobre a lei que obriga a inclusão de história afro-brasileira nas escolas, duas integrantes desse grupo de blog fizeram uma matéria para o Jornal Diretriz e a publicamos aqui para complementar o post anterior:

Ensino de história afro-brasileira enfrenta dificuldades
Aplicação da lei 10.639 depende de iniciativas isoladas nas escolas

Em nove de dezembro de 2003, foi promulgada a lei federal 10.639, que institui que todos os estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e particulares, devem incluir em seus currículos o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
No entanto, em grande parte da rede de ensino esta não é a realidade. Tania Portela, assessora da ONG Ação Educativa, defende que “a importância principal (da lei) é explicar a participação da população negra na formação do país; trazer as contribuições pra sair do mito de culinária, folclore, dança e capoeira, e expor que houve também grande contribuição em outras áreas, principalmente, na economia”.
A professora de Educação Infantil e Fundamental, Cristina Maria de Jesus Lima, diz que a maneira como a história dos negros é tratada na escola contribui para o que acontece fora das salas de aula: “dependendo da maneira como é tratada a questão da diversidade, o professor pode auxiliar as crianças a valorizarem suas características étnicas e culturais ou favorecer a discriminação - quando é conivente com preconceitos”. Dessa forma, para ela, a finalidade da lei 10.639 é contribuir para a superação de preconceitos e a aceitação de diferenças, “tomando a instituição escolar como um dos espaços de inserção das crianças nas relações éticas e morais que permeiam a sociedade, reconhecendo a formação do nosso país por diferentes povos que deram origem ao caldeirão cultural que é o Brasil”.
Deni Ribeiro Prado, professora da rede pública, conta que desde que começou a lecionar, há oito anos, procurava abordar aspectos positivos da África, porém, com muita dificuldade e pouco material. Hoje, ela trabalha com temáticas variadas como: “os diferentes reinos e grupos étnicos, a localização, a importância da oralidade, a religião - com ênfase no respeito aos mais velhos - e as diferentes abordagens com relação à ancestralidade. Outro aspecto que tem me fascinado é a arte, com destaque às máscaras e sua simbologia, lembrando que a arte na África deve ter uma utilidade”.
O professor Rodrigo Ciriaco, também do ensino fundamental público, compartilha da opinião dos demais e acrescenta que “falta uma melhor organização para falar da História da África; que não seja apenas contextualizando com outro assunto, mas que aborde sua própria história. Sinto falta disso nos livros didáticos e no planejamento curricular, onde definimos os temas a serem abordados ao longo do ano”, afirma Ciriaco.
Cristina afirma que “a falta de materiais didáticos sobre o tema é grande, e mesmo os que têm devem ser selecionados e analisados”. Para a professora Mighian Danae Ferreira Nunes, “esse é um problema central da escola pública brasileira. A escassez de recursos tem uma relação direta com o grupo que é atendido nestes espaços. O poder público acredita que não é preciso investir na educação das classes proletárias, já que imaginam que eles serão, em sua maioria, apenas prestadores de serviços das classes privilegiadas”.
A técnica de história da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Maria Margarete Santos, confirma que a lei não teve grande alcance entre as escolas e pontua quais são os problemas: “As dificuldades observadas dizem respeito à necessidade de formação e disponibilização de materiais para toda a rede, pois, por mais esforços que venhamos a fazer, ainda levaremos um bom tempo para amparar o trabalho dos professores e proporcionar formação e orientações a uma rede de ensino do tamanho da nossa”.

Prêmio Educar para a Igualdade Racial

No dia 18 de setembro deste ano, Mighian Danae recebeu o “Prêmio Educar para a Igualdade Racial”. Seu projeto “Brasiláfrica” foi o vencedor da categoria Professor Ensino Fundamental, implementado na escola em que leciona, por meio de atividades como gincanas, jogos e oficinas, visando à desconstrução de estereótipos sobre o negro e sua história. “De um modo geral, os alunos estão sempre abertos para conhecerem, discutirem, inferirem e produzirem conhecimento. Não há resistência a nenhum tema ou atividade, quando a mesma faz sentido para as crianças”, explica Danae.
O prêmio foi criado em 2002 e encontra-se na 4ª edição. É organizado pelo Ceert – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade – e busca premiar e incentivar projetos educacionais desenvolvidos por professores ou escolas, a fim de combater preconceitos raciais e valorizar o negro na sociedade brasileira.

2 comentários:

Saiu na Imprensa disse...

O CEERT lançará dia 17/11 a Rede Educar para a Igualdade Racial.

Em comemoração ao mês da Consciência Negra, o CEERT preparou uma ação especial: Lançamento da Rede Educar para a Igualdade Racial. Esta Rede pretende estabelecer um diálogo entre e com professores interessados em práticas de promoção da igualdade racial, com intuito de promover formação e troca de experiências tanto da ação pedagógica, quanto da institucionalização destas práticas, contribuindo para implementação da LDB alterada (leis 10.639/03 e 11.645/08). A ação será em três eventos. O primeiro será realizado em parceria com o Banco Real, já os outros dois em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Confira a programação e inscreva-se pelo site www.ceert.org.br.

Saiu na Imprensa disse...

O CEERT lançará dia 17/11 a Rede Educar para a Igualdade Racial.

Em comemoração ao mês da Consciência Negra, o CEERT preparou uma ação especial: Lançamento da Rede Educar para a Igualdade Racial. Esta Rede pretende estabelecer um diálogo entre e com professores interessados em práticas de promoção da igualdade racial, com intuito de promover formação e troca de experiências tanto da ação pedagógica, quanto da institucionalização destas práticas, contribuindo para implementação da LDB alterada (leis 10.639/03 e 11.645/08). A ação será em três eventos. O primeiro será realizado em parceria com o Banco Real, já os outros dois em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Confira a programação e inscreva-se pelo site www.ceert.org.br.